1. ÉTICA – Conceito:
1.1 O termo “ética” deriva do latim, que significa “costume” e, por isso, a ética foi definida com freqüência como a doutrina dos costumes, sobretudo nas correntes de orientação empirista. A distinção aristotélica entre as virtudes éticas indica que o termo “ético” é tomado primitivamente só num sentido “adjetivo”: trata-se de saber se uma ação, uma qualidade, uma “virtude” ou um modo de ser são ou não “éticos”. As virtudes éticas são para Aristóteles aquelas que se desenvolvem na prática e que estão orientadas para consecução do fim, enquanto as Dianoeticas são as virtudes propriamente intelectuais. Às primeiras pertencem as virtudes que servem para a realização da ordem na vida do estado – a justiça, a amizade, o valor, etc. – e têm sua origem direta nos costumes e nos hábitos, razão pela qual podem chamar-se virtudes de hábito ou tendência. Às segundas, em contrapartida, pertencem as virtudes fundamentais, as que são como os princípios das éticas, as virtudes da inteligência ou da razão: sabedoria e prudência. Na evolução posterior do sentido do vocábulo, o ético identificou-se cada vez mais com a moral, e a ética chegou a significar propriamente a ciência que se ocupa dos objetos morais em todas as suas formas, a filosofia moral.
Autor - José Ferrater Mora
2. Introdução
2.2 O que é importante pra mim, não necessariamente pode ser importante para você. Se fizermos um comparativo entre Goiânia e Rio de Janeiro, para os Cariocas, música sertaneja é brega e para os goianos, Funk é brega. Tudo é uma questão de ponto de vista. Se formos mais profundo e analisarmos a briga entre Ciência e Religião, percebemos situação similar, quando esta dentro de sua essência bíblica busca a ordem e aquela dentro de suas equações exatas e regulares busca essa mesma ordem. Então tudo depende de um ponto de vista. Crença é um ponto de vista?
2.3 Se pegarmos esse raciocínio e aplicarmos dentro da ética. Seja ela, jornalística, política, religiosa, etc. vamos obter a mesma conclusão. Somos diariamente bombardeados por diversas informações. Segundo estudos quânticos realizados, de 400 bilhões de bits de informação que nosso cérebro processa somente 2000 são percebidos por nossos sentidos. Ou seja, as vezes agimos inconscientemente, normalmente isso acontece quando brigamos com a namorada ou com nossos pais, sem motivo algum, e somos dominados pela ira, que afasta a razão. falta ética? Sim. Ou então conscientemente, quando somos contratados para prestar serviço publico efetivo, regido por uma Lei, que diz: que o servidor público deve trabalhar 40 horas semanais, e trabalhamos apenas 30 horas. Antiético? Sim. Ou seja, o que nos fazemos conscientemente produz efeitos concretos. Diretamente no sistema.
3. O Contexto Social
3.1 Dificilmente veremos um político culpado ser preso, em contrapartida existe centenas de pessoas inocentes presas injustamente. São buracos na legislação. Infelizmente o nosso País, já nasceu com vício. Desde Cabral que aqui todo mundo rouba. Vale destacar um texto ético de Elisa Lucinda citado por Ana Carolina em seu ultimo show gravado com Seu Jorge.
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.
3.2 Digamos que tudo seja uma questão de ponto vista. Como o exemplo citado em sala de aula, a respeito das duas situações distintas com fins parecidos sobre os dois pedintes. É comum algumas pessoas sentirem-se mal ao ver um garoto faminto e lhe oferecer algo para comer, assim como é comum outra pessoa ignorar totalmente tal realidade, contrastes estes, que entram em grande conciliação com a ética política conhecida por nos brasileiros, onde alguns pecam outros não. Vivemos em uma nação repleta de vícios legais.
3.3 O exemplo do servidor pode ser comparado à um deputado corrupto, quando este segundo os termos da Lei, deve representar a população no poder, uma profissão que exige um grande teor ético, porque se trata da “coisa” pública (servidor público, dinheiro publico e maquina administrativa) faz exatamente ao contrario. Abusa da fragilidade da lei emendada brasileira e foge completamente aos princípios da ética.
4. Desenvolvimento das idéias subjetivas
4.1 Vergonha pode ser um sentimento indefinido. Não tem como definir idéia tão subjetiva, mas podem ocorrer algumas teorias baseada nos primórdios de que esta, não poderia figurar entre as virtudes pois se assemelha mais a sentimento do que a uma exposição de caráter. Sabemos que os sentimentos não podem ser definidos, diferentemente do caráter, que passa despercebido por muitas pessoas ingênuas ou carentes de informações. Acontece quando um individuo “sem vergonha”, pensando no caráter moral do termo, se aproveita de sua oratória e persuade de pequenos grupos a grandes públicos.
4.2 Se formos mais fundo, enxergaremos dentro de um abismo profundo, um mundo desconhecido, onde só a pessoas que vivem lá, é que podem nos dizer. Existem relatos. A vergonha, possui um fator análogo ao do medo causado pelo perigo. Quando sentimos medo, ficamos com cala frios, pernas bambas, nervosismos, descontrole. Da mesma forma acontece com a vergonha. Ela se infiltra e nos cora o rosto. Faz-nos ter sensações incomodas.
5. Justiça
5.1 Muitos gregos, inclusive os grandes trágicos e alguns filósofos pré-socráticos, consideram a justiça num sentido bastante geral: algo é justo quando a sua existência não interfere na ordem a que pertence. Nesse sentido, a justiça assemelha-se muito à ordem ou à medida. Que cada coisa ocupe seu lugar no Universo, é justo. Quando isso não ocorre, quando uma coisa usurpa o lugar de outra, quando não se limita a ser o que é, quando há algum excesso. Cumpre-se a justiça somente se restaura a ordem original, quando se corrige e se castiga o excesso
5.2 Pode-se chamar “cósmica” essa concepção da justiça. Toda realidade, inclusive os seres humanos, deve ser governada pela justiça. Esta pode ser considerada uma lei universal, uma vez que necessitamos da desta pra sobrivever. Basta pensarmos que não estamos sozinhos no organismo que nos supre. É necessário haver uma ordem/controle, através de leis observadas veementemente pelos olhos justos do poder. Essa lei mantém, ou pelo menos, expressa a ordem e a medida do cosmo inteiro, e por ela, restabelece essa ordem ou medida mal tenha sido alterada.
5.3 Os aspectos sociais de justiça logo se destacaram. Uma versão crua da concepção cósmica aplicada aos seres humanos é a seguinte: dada uma ordem social aceita, qualquer alteração da mesma é injusta. Reza o art. 5, LVII, da constituição que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”
5.4 Essa garantia processual penal tem por fim tutelar a liberdade do individuo, que é presumido inocente, cabendo ao Estado comprovar sua culpabilidade, através de julgamentos baseados em nosso contexto acima, afinal não é muito melhor se referir à justiça com a constituição ao lado.
5.5 Uma versão menos crua é esta: quando há um intercâmbio de bens de qualquer espécie entre dois ou mais membros de uma sociedade, só se considera que há justiça quando não se priva ninguém do que lhe é devido, quando há equilíbrio no intercambio, como nos embasa aos direitos e garantias individuais e coletivos da constituição.
5.6 Os direitos fundamentais são os bens em si mesmo considerados, declarados como tais nos textos constitucionais, bem como as garantias, que são estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, seus direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida, corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de locomoção, corresponde a garantia do hábeas corpus, ao direito à liberdade de manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Sendo assim, se faz oportuno frisar que a justiça são os alicerces dos direitos individuais e coletivos, pois é necessário haver um senso justo comum para levar à execução plena destes.
5.7 De fato, a lei nos manda praticar todas as virtudes e nos proíbe de praticar qualquer vício, o que transforma o ser humano num ser alienado, podendo fazer apenas o que a lei não proíbe, o que nos leva a crer que não é possível alterar a realidade mental ou física para alcançar alguma dádiva, dessa forma estarei infringindo a lei pela desobediência, em contrapartida o que tende a produzir a virtude como um todo, são aqueles atos prescritos pela lei visando à educação para o bem comum.
5.8 O justo é proporcional, e o injusto é o que viola a proporção. Quanto ao ultimo, um dos termos se torna grande demais e o outro muito pequeno, como efetivamente acontece na pratica, pois o homem que age injustamente fica com uma parte muito grande daquilo que é bom e o que é injustamente tratado fica com uma parte pequena. Como um servo fiel do capitalismo, que trabalha de oito a 12 horas por dia, e é mau remunerado em relação ao tempo de serviço, ou seja, o maior lucro das empresas repleta de escravos capitalistas é o serviço prestado mau remunerado. E por outro lado, no caso do mal, ocorre o inverso, pois o menor mal é considerado um bem em comparação com o mal maior, uma vez que o mal menor deve ser escolhido de preferência ao mal maior, e o que é um bem, e entre duas coisas a mais digna de escolha é um bem ainda maior. Um exemplo simples seria um político corrupto que se apodera de poder publico e utiliza da desonestidade e da injustiça para fazer de sua própria vida um império, principalmente num país que a justiça é tão tardia e sequelada. Esse indivíduo que agindo de ma fé, viola a proporção da injustiça, fazendo com que o justo perca.
5.9 Uma classe de atos justos se compõe de atos que estão em consonância com alguma virtude e que são prescritos pela lei.
5.10 Ademais, naquela acepção de “agir injustamente” na qual o homem que assim procede é somente injusto e não completamente mau. Um estelionatário por exemplo, é um ser corrompido pelo sistema, que envolvido por um vicio maldoso, o que é diferente de ser completamente mau. É um vicio criado dentro da alma no qual leva os próprios princípios a criar situações injustas. Afinal não é possível a pessoa tratar injustamente a si próprio. Ela pratica atos injustos contra outrem enquanto no mais, se torna limpo e tranqüilo. De fato, isso implicaria a possibilidade de a mesma coisa ter sido simultaneamente subtraída e acrescentada à mesma coisa; mas isso é impossível, uma vez que o justo e o injusto sempre envolvem mais de uma pessoa.
5.11 É evidente que tanto ser injustamente tratado como agir justamente são males, pois o primeiro significa ter menos e o segundo, ter mais do que meio-termo, que corresponde aqui ao que é saudável na arte médica e à boa condição na arte do treinamento atlético. Contudo, agir injustamente é o mal pior; tal procedimento é censurável visto que envolve deficiência moral da espécie completa e irrestrita, resultando em lesão a outrem. Ora, se o estelionatário não possui conduta moral e ético, podemos atribuir deficiência moral à sua personalidade, o que gera a limpeza da consciência, onde pra ele não é mau ser injusto. Enquanto o lesado procura todas as saídas legais para recuperação dos seus pertences.
5.12 Em sentido metafórico e em razão de uma certa analogia, há espécie de justiça no homem, não em relação a ele mesmo, mas entre certas partes suas. Não se trata de uma injustiça de qualquer espécie, mas daquela que prevalece entre amo e escravo ou entre pai e filho. Com efeito, as relações que a parte racional da alma guarda para com a parte irracional são desse tipo, e é tendo em vista essas partes que se pensa que um homem pode ser injusto para consigo mesmo, porque tais partes podem sofrer algumas coisa contraria aos seus desejos, de tal modo que parece haver uma justiça entre elas, como aquela que existe entre governante e estado.
6. Considerações finais
6.1 Virtude moral, nasce com a pessoa. É oportuno frisar que o ser humano possui livre arbítrio e acima de tudo discernimento para seguir seu próprio caminho. Infelizmente algumas pessoas são seduzidas pelas ilusões capitalistas e acabam ferindo a própria integridade, deixando de lado todos os princípios maternos, deixando o espírito podre e completamente seco.
6.2 Gostaria de encerrar com o texto a seguir, esse é o sonho de todos aqueles que são justos e possuem boas condutas de virtudes morais.
Artigo XIII
“Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.”
(Thiago de Mello)
Obs:
“É preciso não confundir vergonha com covardia!
A vergonha, na hora certa, é fundamental... Atitude de quem busca o caminho da humildade (e repudia a arrogância) A falta de vergonha leva ao cinismo (negativo), próprio desse bando de CARA DE PAU que está por aí”
Por, Caio Cesar de Aquino
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