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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ética Quântica ou Quantificação da ética.

Por, João Augusto Cardoso

Ainda que a ética seja estudada há mais de dois mil anos, quer a ética deontológica, a ética religiosa, a ética das virtudes de Platão, a ética aristotélica ou mesmo a ética cristã, nunca se falou ou se escreveu tanto sobre ela quanto nas últimas décadas, sobretudo pela percepção mais apurada da natureza e do mundo pela contemporaneidade do animal homem, bem como pela observação mais atenta da relação entre estes e entre si. E é desta relação e conexão existente entre o Homem, a natureza, o mundo e o universo, que concebemos a teoria da ética quântica, que pela primeira vez é abordada através do presente artigo.

Ao trilharmos os caminhos da ciência e da filosofia, se já não é tão fácil definir ética, Álvaro L. M. Valls nos dá esta assertiva prelecionando em seu livro “O que é ética?” (1996), que “a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de se explicar”, mais difícil ainda seria definir ética quântica, porquanto o presente ensaio não pretende dar respostas prontas, mesmo porque, não existem. Porém, a intenção é levar o leitor aos conhecimentos que propiciam o estudo e a reflexão sobre esta nova teoria, e não levar os conhecimentos prontos ao leitor.

Seria uma erronia filosófica muito grande julgar que para se entender esta nova teoria seriam necessários estudos preliminares de física quântica, que em contraponto à física clássica, ela é o reino de todas as possibilidades e potencialidades, ao passo que esta última, a clássica, é reino das ciências e dos resultados exatos. Assim, a teoria da mecânica newtoniana (mecânica clássica), ou seja, numa correlação análoga com a ética clássica, abre espaço para um estudo mais profundo: a mecânica ondulatória (mecânica quântica), que nos propicia uma nova visão da ética, qual seja, a ética quântica, que surge a partir da investigação dos fenômenos ocorrentes das mais ínfimas e discretas ações e pensamentos humanos.

Ainda que não haja a intenção de transmitir conhecimentos prontos, clássicos, cremos ser necessário aproximar o leitor de alguns conceitos, para uma melhor compreensão da teoria quântica da ética. Assim, no Dicionário Oxford de Filosofia (1997), Simon Blackburn nos dá a seguinte definição: “Ética é o estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático: o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha”.
Segundo Álvaro Valls, nos diversos diálogos de Platão (428-348 a.C.), ele vai organizando um quadro geral das diferentes virtudes, elencando as quatro principais: Justiça (dike), “a virtude geral, que ordena e harmoniza, e assim nos assemelha ao invisível, divino, imortal e sábio”. Prudência ou Sabedoria (frônesis ou sofía) “é a virtude própria da alma racional, a racionalidade como o divino no homem: orientar-se para os bens divinos. Esta virtude, que para Platão equivale à vida filosófica como uma música mais elevada, é aquela que põe ordem, também, nos nossos pensamentos”. Fortaleza ou Valor (andréia) “é a que faz com que as paixões mais nobres predominem, e que o prazer se subordine ao dever”. E a quarta e última, Temperança (sofrosine) “é a virtude da serenidade, equivalente ao autodomínio, à harmonia individual”.
Assim, Valls continua prelecionando, que “o que mais caracteriza a ética platônica é a idéia do Sumo Bem, da vida divina, da equivalência de contemplação filosófica e virtude, e da virtude como ordem e harmonia universal. A distância entre as virtudes intelectuais e morais se assemelha muito à pratica teórica”.

Aristóteles (384-322 a.C.) nos ensina em sua obra “Ética à Nicomaco”, que: “No que diz respeito à justiça e à injustiça devemos indagar com que espécie de ações se relacionam elas, que espécie de meio-termo é a justiça, e entre que extremos o ato justo é o meio-termo.” Considerando que a justiça é uma das virtudes éticas de Platão, Aristóteles escreve que “Segundo a opinião geral, a justiça é aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo; e de modo análogo, a injustiça é a disposição que leva as pessoas a agir injustamente e a desejar o que é injusto”. Este grande filósofo e pensador também escreveu: "O objetivo da ação moral é a justiça, assim como, a verdade é o objetivo da ação intelectual."

Em seu livro Ética é Justiça (2000), Olinto Pegoraro diz que “para Aristóteles, cidadão justo é aquele que cumpre a lei e respeita a igualdade entre os outros. A justiça é a virtude da cidadania, na qual, cada um, por sua própria formação trata todos igualmente”. Assim, Pegoraro afirma que “se praticássemos essa virtude os tribunais teriam muito pouco a fazer. Se eles existem e são tão solicitados, é porque nós não estamos praticando a virtude da justiça, da cidadania”.
Após referenciar algumas virtudes que norteiam a ética e antes de conceituarmos ética quântica, lembramos que para São Thomas de Aquino (1225-1274), “a justiça engloba simultaneamente todas as virtudes; ela é a virtude maximamente perfeita”, podemos dizer que ética é também um conjunto da prática dessas virtudes, e como escreveu Aristóteles, “a felicidade consiste em fazer o bem”.

Dentro desta difícil missão de conceituar, a primeira idéia que nos surge é que a teoria da ética quântica se fundamenta na “quantificação da ética”, que é a transição do conceito clássico e contínuo para o conceito quântico, em que as mais simples ações humanas representam a somatória de um conjunto de subações humanas ou naturais. Considerando que o homem é o conjunto de suas escolhas, podemos afirmar que a somatória de suas subações e de seus pensamentos mais íntimos podem afetar o meio em que vivemos, podendo acionar uma avalancha de acontecimentos no micro e no macrocosmo, pois há uma conexão e relação entre tudo e entre todos.

Ainda que não seja de fácil entendimento, os iniciados no conhecimento têm uma consciência mais ampla da realidade, do que é real. O Prof. Dr. José Pedro Andreeta e sua esposa, a Dra. Maria de Lourdes, citam em seu livro “Quem se atreve a ter certeza? A realidade quântica e a filosofia” (2004), que “na visão de Walter Heitler, o mundo quântico era um todo indivisível. Ele afirmava que ‘mesmo que pareça óbvio que existam partes e contornos, a realidade é um todo inseparável’.”

Segundo o físico Werner Karl Heisenberg, prêmio Nobel de física em 1932, um dos criadores da física quântica, “a nossa realidade é meramente semi-real e adquire o status de uma realidade completa somente durante o ato da observação”. Heisenberg disse que “nos experimentos sobre os eventos atômicos, nós trabalhamos com coisas e fatos, com fenômenos que são tão reais como todos os fenômenos da vida diária. Mas os átomos e as partículas elementares por si mesmos não são reais: pertencem mais a um mundo de potencialidades ou possibilidades do que das coisas e dos fatos”.

Partindo desses princípios quânticos, a ética quântica consiste nas mínimas ações ou mesmo nos mais minúsculos fragmentos de nossos pensamentos, ou seja, devemos reaprender e registrar a ética dentro de nós, em cada um de nossos pensamentos, em cada uma de nossas células, e nos policiar para praticá-la de dentro para fora. Um bom início para esta prática é sermos éticos para conosco mesmos, pois se assim o formos, seremos éticos para com o universo. Aleksei Konstantinovitch Tolstoi (1817-1875), nos ensina que "Não adianta cada um pensar em mudar a humanidade sem pensar em mudar a si mesmo".
No campo quântico, “a consciência é a base do Ser”, e esta consciência é seguramente cósmica. Sendo assim, quem alcançou e reconheceu a verdade não tem nenhum fundamento que justifique a prática da injustiça, pois praticá-la em detrimento a outrem ou ao meio, é praticá-la contra si mesmo. Ao compreender e praticar este princípio, alçará a liberdade na plenitude do exercício de todas as possibilidades e potencialidades, e conhecerá e viverá a paz.
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* João Augusto Cardoso é professor de ensino superior na Universidade Paulista, campus de Limeira, e advogado. Mestre em Direito (UNIMEP) e Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais (UMSA). Artigo concluído em 25/06/2006.

Por, Caio Cesar de Aquino

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Texto Dissertativo - Virtudes Morais


1. ÉTICA – Conceito:


1.1 O termo “ética” deriva do latim, que significa “costume” e, por isso, a ética foi definida com freqüência como a doutrina dos costumes, sobretudo nas correntes de orientação empirista. A distinção aristotélica entre as virtudes éticas indica que o termo “ético” é tomado primitivamente só num sentido “adjetivo”: trata-se de saber se uma ação, uma qualidade, uma “virtude” ou um modo de ser são ou não “éticos”. As virtudes éticas são para Aristóteles aquelas que se desenvolvem na prática e que estão orientadas para consecução do fim, enquanto as Dianoeticas são as virtudes propriamente intelectuais. Às primeiras pertencem as virtudes que servem para a realização da ordem na vida do estado – a justiça, a amizade, o valor, etc. – e têm sua origem direta nos costumes e nos hábitos, razão pela qual podem chamar-se virtudes de hábito ou tendência. Às segundas, em contrapartida, pertencem as virtudes fundamentais, as que são como os princípios das éticas, as virtudes da inteligência ou da razão: sabedoria e prudência. Na evolução posterior do sentido do vocábulo, o ético identificou-se cada vez mais com a moral, e a ética chegou a significar propriamente a ciência que se ocupa dos objetos morais em todas as suas formas, a filosofia moral.

Autor - José Ferrater Mora


2. Introdução


2.2 O que é importante pra mim, não necessariamente pode ser importante para você. Se fizermos um comparativo entre Goiânia e Rio de Janeiro, para os Cariocas, música sertaneja é brega e para os goianos, Funk é brega. Tudo é uma questão de ponto de vista. Se formos mais profundo e analisarmos a briga entre Ciência e Religião, percebemos situação similar, quando esta dentro de sua essência bíblica busca a ordem e aquela dentro de suas equações exatas e regulares busca essa mesma ordem. Então tudo depende de um ponto de vista. Crença é um ponto de vista?


2.3 Se pegarmos esse raciocínio e aplicarmos dentro da ética. Seja ela, jornalística, política, religiosa, etc. vamos obter a mesma conclusão. Somos diariamente bombardeados por diversas informações. Segundo estudos quânticos realizados, de 400 bilhões de bits de informação que nosso cérebro processa somente 2000 são percebidos por nossos sentidos. Ou seja, as vezes agimos inconscientemente, normalmente isso acontece quando brigamos com a namorada ou com nossos pais, sem motivo algum, e somos dominados pela ira, que afasta a razão. falta ética? Sim. Ou então conscientemente, quando somos contratados para prestar serviço publico efetivo, regido por uma Lei, que diz: que o servidor público deve trabalhar 40 horas semanais, e trabalhamos apenas 30 horas. Antiético? Sim. Ou seja, o que nos fazemos conscientemente produz efeitos concretos. Diretamente no sistema.


3. O Contexto Social


3.1 Dificilmente veremos um político culpado ser preso, em contrapartida existe centenas de pessoas inocentes presas injustamente. São buracos na legislação. Infelizmente o nosso País, já nasceu com vício. Desde Cabral que aqui todo mundo rouba. Vale destacar um texto ético de Elisa Lucinda citado por Ana Carolina em seu ultimo show gravado com Seu Jorge.

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

3.2 Digamos que tudo seja uma questão de ponto vista. Como o exemplo citado em sala de aula, a respeito das duas situações distintas com fins parecidos sobre os dois pedintes. É comum algumas pessoas sentirem-se mal ao ver um garoto faminto e lhe oferecer algo para comer, assim como é comum outra pessoa ignorar totalmente tal realidade, contrastes estes, que entram em grande conciliação com a ética política conhecida por nos brasileiros, onde alguns pecam outros não. Vivemos em uma nação repleta de vícios legais.


3.3 O exemplo do servidor pode ser comparado à um deputado corrupto, quando este segundo os termos da Lei, deve representar a população no poder, uma profissão que exige um grande teor ético, porque se trata da “coisa” pública (servidor público, dinheiro publico e maquina administrativa) faz exatamente ao contrario. Abusa da fragilidade da lei emendada brasileira e foge completamente aos princípios da ética.


4. Desenvolvimento das idéias subjetivas


4.1 Vergonha pode ser um sentimento indefinido. Não tem como definir idéia tão subjetiva, mas podem ocorrer algumas teorias baseada nos primórdios de que esta, não poderia figurar entre as virtudes pois se assemelha mais a sentimento do que a uma exposição de caráter. Sabemos que os sentimentos não podem ser definidos, diferentemente do caráter, que passa despercebido por muitas pessoas ingênuas ou carentes de informações. Acontece quando um individuo “sem vergonha”, pensando no caráter moral do termo, se aproveita de sua oratória e persuade de pequenos grupos a grandes públicos.


4.2 Se formos mais fundo, enxergaremos dentro de um abismo profundo, um mundo desconhecido, onde só a pessoas que vivem lá, é que podem nos dizer. Existem relatos. A vergonha, possui um fator análogo ao do medo causado pelo perigo. Quando sentimos medo, ficamos com cala frios, pernas bambas, nervosismos, descontrole. Da mesma forma acontece com a vergonha. Ela se infiltra e nos cora o rosto. Faz-nos ter sensações incomodas.


5. Justiça


5.1 Muitos gregos, inclusive os grandes trágicos e alguns filósofos pré-socráticos, consideram a justiça num sentido bastante geral: algo é justo quando a sua existência não interfere na ordem a que pertence. Nesse sentido, a justiça assemelha-se muito à ordem ou à medida. Que cada coisa ocupe seu lugar no Universo, é justo. Quando isso não ocorre, quando uma coisa usurpa o lugar de outra, quando não se limita a ser o que é, quando há algum excesso. Cumpre-se a justiça somente se restaura a ordem original, quando se corrige e se castiga o excesso


5.2 Pode-se chamar “cósmica” essa concepção da justiça. Toda realidade, inclusive os seres humanos, deve ser governada pela justiça. Esta pode ser considerada uma lei universal, uma vez que necessitamos da desta pra sobrivever. Basta pensarmos que não estamos sozinhos no organismo que nos supre. É necessário haver uma ordem/controle, através de leis observadas veementemente pelos olhos justos do poder. Essa lei mantém, ou pelo menos, expressa a ordem e a medida do cosmo inteiro, e por ela, restabelece essa ordem ou medida mal tenha sido alterada.


5.3 Os aspectos sociais de justiça logo se destacaram. Uma versão crua da concepção cósmica aplicada aos seres humanos é a seguinte: dada uma ordem social aceita, qualquer alteração da mesma é injusta. Reza o art. 5, LVII, da constituição que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”


5.4 Essa garantia processual penal tem por fim tutelar a liberdade do individuo, que é presumido inocente, cabendo ao Estado comprovar sua culpabilidade, através de julgamentos baseados em nosso contexto acima, afinal não é muito melhor se referir à justiça com a constituição ao lado.


5.5 Uma versão menos crua é esta: quando há um intercâmbio de bens de qualquer espécie entre dois ou mais membros de uma sociedade, só se considera que há justiça quando não se priva ninguém do que lhe é devido, quando há equilíbrio no intercambio, como nos embasa aos direitos e garantias individuais e coletivos da constituição.


5.6 Os direitos fundamentais são os bens em si mesmo considerados, declarados como tais nos textos constitucionais, bem como as garantias, que são estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, seus direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida, corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de locomoção, corresponde a garantia do hábeas corpus, ao direito à liberdade de manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Sendo assim, se faz oportuno frisar que a justiça são os alicerces dos direitos individuais e coletivos, pois é necessário haver um senso justo comum para levar à execução plena destes.


5.7 De fato, a lei nos manda praticar todas as virtudes e nos proíbe de praticar qualquer vício, o que transforma o ser humano num ser alienado, podendo fazer apenas o que a lei não proíbe, o que nos leva a crer que não é possível alterar a realidade mental ou física para alcançar alguma dádiva, dessa forma estarei infringindo a lei pela desobediência, em contrapartida o que tende a produzir a virtude como um todo, são aqueles atos prescritos pela lei visando à educação para o bem comum.


5.8 O justo é proporcional, e o injusto é o que viola a proporção. Quanto ao ultimo, um dos termos se torna grande demais e o outro muito pequeno, como efetivamente acontece na pratica, pois o homem que age injustamente fica com uma parte muito grande daquilo que é bom e o que é injustamente tratado fica com uma parte pequena. Como um servo fiel do capitalismo, que trabalha de oito a 12 horas por dia, e é mau remunerado em relação ao tempo de serviço, ou seja, o maior lucro das empresas repleta de escravos capitalistas é o serviço prestado mau remunerado. E por outro lado, no caso do mal, ocorre o inverso, pois o menor mal é considerado um bem em comparação com o mal maior, uma vez que o mal menor deve ser escolhido de preferência ao mal maior, e o que é um bem, e entre duas coisas a mais digna de escolha é um bem ainda maior. Um exemplo simples seria um político corrupto que se apodera de poder publico e utiliza da desonestidade e da injustiça para fazer de sua própria vida um império, principalmente num país que a justiça é tão tardia e sequelada. Esse indivíduo que agindo de ma fé, viola a proporção da injustiça, fazendo com que o justo perca.


5.9 Uma classe de atos justos se compõe de atos que estão em consonância com alguma virtude e que são prescritos pela lei.


5.10 Ademais, naquela acepção de “agir injustamente” na qual o homem que assim procede é somente injusto e não completamente mau. Um estelionatário por exemplo, é um ser corrompido pelo sistema, que envolvido por um vicio maldoso, o que é diferente de ser completamente mau. É um vicio criado dentro da alma no qual leva os próprios princípios a criar situações injustas. Afinal não é possível a pessoa tratar injustamente a si próprio. Ela pratica atos injustos contra outrem enquanto no mais, se torna limpo e tranqüilo. De fato, isso implicaria a possibilidade de a mesma coisa ter sido simultaneamente subtraída e acrescentada à mesma coisa; mas isso é impossível, uma vez que o justo e o injusto sempre envolvem mais de uma pessoa.


5.11 É evidente que tanto ser injustamente tratado como agir justamente são males, pois o primeiro significa ter menos e o segundo, ter mais do que meio-termo, que corresponde aqui ao que é saudável na arte médica e à boa condição na arte do treinamento atlético. Contudo, agir injustamente é o mal pior; tal procedimento é censurável visto que envolve deficiência moral da espécie completa e irrestrita, resultando em lesão a outrem. Ora, se o estelionatário não possui conduta moral e ético, podemos atribuir deficiência moral à sua personalidade, o que gera a limpeza da consciência, onde pra ele não é mau ser injusto. Enquanto o lesado procura todas as saídas legais para recuperação dos seus pertences.


5.12 Em sentido metafórico e em razão de uma certa analogia, há espécie de justiça no homem, não em relação a ele mesmo, mas entre certas partes suas. Não se trata de uma injustiça de qualquer espécie, mas daquela que prevalece entre amo e escravo ou entre pai e filho. Com efeito, as relações que a parte racional da alma guarda para com a parte irracional são desse tipo, e é tendo em vista essas partes que se pensa que um homem pode ser injusto para consigo mesmo, porque tais partes podem sofrer algumas coisa contraria aos seus desejos, de tal modo que parece haver uma justiça entre elas, como aquela que existe entre governante e estado.


6. Considerações finais


6.1 Virtude moral, nasce com a pessoa. É oportuno frisar que o ser humano possui livre arbítrio e acima de tudo discernimento para seguir seu próprio caminho. Infelizmente algumas pessoas são seduzidas pelas ilusões capitalistas e acabam ferindo a própria integridade, deixando de lado todos os princípios maternos, deixando o espírito podre e completamente seco.


6.2 Gostaria de encerrar com o texto a seguir, esse é o sonho de todos aqueles que são justos e possuem boas condutas de virtudes morais.


Artigo XIII

“Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.”

(Thiago de Mello)


Obs:


É preciso não confundir vergonha com covardia!

A vergonha, na hora certa, é fundamental... Atitude de quem busca o caminho da humildade (e repudia a arrogância) A falta de vergonha leva ao cinismo (negativo), próprio desse bando de CARA DE PAU que está por aí”

Por, Caio Cesar de Aquino

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Campanha publicitária do Citibank

"Crie filhos em vez de herdeiros."

"Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."

"Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela."

"Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."

"Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."

"Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"

"Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."

"Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."


"...e quem sabe assim você seja promovido a melhor (amigo/pai/mãe/filho/
/filha/namorada/namorado/marido/esposa/irmão/irmã... etc.) do mundo!"

"Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os estatutos do Homem (Ato institucional permanente)

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que, sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


por Thiago de Mello, poeta, tradutor, escritor, jornalista, artista gráfico e roteirista.