J.G. de Araujo Jorge
GENTILEZA...
Afinal, fôste gentil.
Certa vez me disseste:
"- Como hei de crer nesse poeta que mil amores já cantou antes de me encontrar?"
E te fôste...
- Sim, como havias de confiar?
DE PASSAGEM...
Você passou por mim, imprevistamente,
nesse perfume...
Nesta manhã de sol
será que eu também passarei por você
num vulto anônimo qualquer,
numa fala? num gesto?
ou na própria manhã, que imprevistamente desenterra
estátuas de lembrancas, incólumes...
Ou você me esqueceu no passado,
na sombra, onde não há sol, não há talvez,
... e nem uma flor nascerá em sua lembranca
de quando em vez?
O TEU CALOR...
Chove em minha solidão.
Êste vapor que sobe do chão
é ainda o teu calor.
LÍRICA, N. 3
Para onde fôste depois que saíste dos meus bracos,
se já conhecias todos os caminhos?...
Vais te perder à toa,
agora que já tinha te achado...
LÍRICA, N. 23
E quem diria, amor, que ao amanhecer
não nos reconheceríamos,
nós que até como cegos
antes nos encontrávamos...
LÍRICA, N. 39
O pior é que não adianta fugir,
tentar evadir-se em outros olhos, em outros lábios,
em outros beijos...
Tu estás sempre presente.
E se iludo e atordôo os meus cegos sentidos,
não consigo iludir meus olhos, que te vêem
mesmo sem ti.
LÍRICA, N. 41
Depois que tudo acabou,
penso que foi melhor não ter te conhecido
antes...
Na verdade,
antes
eu tivesse te conhecido depois...
O NOSSO AMOR
Todas as respostas - eu tenho se me beijas.
Sei porque brilha o sol -
Porque sopra a brisa mansa que desfaz os meus cabelos
Etendo o marulhar incessante da onda
inquieta que
se espreguica indolente
Ah! sei tanta coisa amor - Tanta -
Não há mais mistérios -
Nem porques vazios de respostas...
Tudo existe - porque nós existimos
E porque existe este nosso amor tão grande
E esta vontade enorme que temos
de nos pertencer...
FOGO
Prostituta que fôsses eu te amaria
do mesmo modo.
O amor, como o fogo, purifica o que toca.
DEDICATÓRIA N. 1
Eu te faria um poema
à tua volta...
Não voltaste. Escrevi êste livro
à tua espera...
Fragmentos extraidos do livro de poesias de Araujo Jorge. Por, Caio Cesar de Aquino
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