terça-feira, 29 de dezembro de 2009

VÍCIO

Tu nunca bates no meu pensamento à hora de entrar
Chegas derrepente, invades tudo, e é impossível te expulsar
porque então ja sou eu que te procuro.

Não escolhes momento. É na hora séria ou na hora triste,
na hora romântica ou na hora de tédio
por mais que me encontraste fechado em mim mesmo
entras pelo pensamento, - clara festa, vulnerável
às lembranças do teu desejo.

E quando chegas assim, estremeço até regiões ignoradas
me levanto, e saio, sonâmbulo, a te buscar
a caminhar a esmo...

Chegas - como uma crise a um asmático, - e então
[preciso de ti
como preciso de ar,
e tenho a impressão de que não te alcanço, se não
[te encontro,
vou morrer, miserável, como um transeunte nas ruas,
antes que o socorro chegue para salvá-lo...
alcançar-te é um suplício...

Teu amor para mim - é humilhante a confissão
-Depois que consegues atingir meu pensamento
tua posse é uma obsessão,
não é amor, é vício...


Poema de J. G. de Araujo Jorge do livro - Harpa Submersa - 1952

Um dia eu chego lá... :)

Por, Caio Cesar de Aquino

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