Posso fechar meus olhos nesse momento e sentir o gosto do seu beijo. Meu corpo pedia tanto aquele gosto que ficou guardado na memória. Tudo isso porque apurei propositalmente meu olfato fechando meus olhos e paralisando meu tato. Meu olfato estava nesse momento apuradíssimo sentido aquele aroma. Nesse instante ele funcionava como um paladar era incrível a sensação. Eu podia simplesmente sentir o gosto da sua língua quando fechava os olhos. E ao mesmo tempo, sentia aquele aroma delicioso que despertava rápidas batidas cardíacas.
Ao abrir os olhos, um novo choque de emoções similares. Mas dessa vez era fatal. Estava nesse momento voltado para o seu olhar. A beleza era clara. Uma Deusa. Minha Afrodite. Deusa da beleza e do amor.
Você me pedia para continuar a dizer como essas sensações se comportavam dentro da minha cabeça, no mesmo instante que a música consumia meu corpo e despertava tiros de desejo. Era olhar pra sua boca e sentir o gosto do seu beijo. Eu só podia sentir. Estava no ar aquele sabor. Eram todos os sentidos apurados e concentrados em outros mesmos sentidos nervosos e confusos. Mãos de unhas vermelhas inquietas movimentando objetos pequenos, palpitações cardíacas e respiração sutilmente ofegante naquele momento, que eram dominados de súbito pela visão fixada dos meus olhos famintos.
Olhares, gestos, sorrisos e sensuais lambidas na boca. Como quem está com muita fome. Nesse instante não tinha mais espaço para pensar em nada, o que fazer ou como agir diante de tanta mágica. Ai então a cabeça pensante da um nó e me fazer desequilibrar sobre uma linha tênue, mas não podia me dar ao luxo de deixar escapar pelas mãos sua paixão. Apenas me concentrei em manter a calma e sentir o prazer momentâneo. Ultima coisa que precisava naquele momento era conflitos conceituais na minha mente.
O silencio das vozes tomou o carro. E naquele instante, todas as forças se concentraram no tato, visão e audição. Era preciso transmitir todo meu desejo pelo olhar e expressões faciais, ja que sou proibido de beijá-la. A audição por sua vez flagrava apuradíssima, todos os sons presentes. Era uma análise sexual visual. Eu podia te despir te beijar, te consumir por inteira. Era possível ouvir sua respiração ofegante há 40 cm de distancia e com o foco na sua boca eu podia ver sua roupa branca tremendo sobre a carne, no ritmo sutilmente acelerado dos seus batimentos cardíacos, através de todo o meu ângulo de visão.
Ver sua excitação foi incrível. O momento era perfeito. Extramemente confortável.
Minha posição era perfeita. Eu podia ver o desenho que a sombra dura que a luz da rua fazia sobre seu rosto, aumentando suas expressões passionais. Ver aquele rosto com a lateral direita apagada pela sombra, fazia com que meu corpo estremecesse e minhas mãos tremessem. Não podia fazer nada. Como já disse, era impossível pensar. Só podia sentir naquele momento.
É uma beleza que embriaga ao mesmo tempo em que estimula. Contraste passional. É uma sede a ser saciada. É uma deusa a ser dominada. E será. Como eu sei? Apenas sei.
Por, Caio Cesar de Aquino